Rio diz que falta de políticos se deve à impunidade de jornalistas

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, desferiu duras críticas à comunicação social, afirmando que a falta de políticos em Portugal se deve à impunidade dos jornalistas. “Cada vez há menos gente disponível para ocupar cargos públicos porque têm medo da comunicação social”, argumentou Rui Rio, sexta-feira à noite, em Vieira do Minho, durante a sua intervenção na II Conferência do Clube de Amigos de Vieira, subordinada ao tema Os jogos do poder na comunicação social.

O autarca social-democrata criticou a forma como “alguns jornalistas” exercem a sua actividade, pediu o “fim da impunidade” no jornalismo e defendeu a necessidade de se caminhar para a “auto-regulação na comunicação social”.

“Tem de haver mecanismos de defesa das pessoas perante a difamação ou a insinuação que determinados órgãos de comunicação fazem aos políticos”, defendeu Rui Rio, apontando este facto como a “principal razão” que leva algumas pessoas a não aceitar convites para exercer funções numa autarquia ou no Governo.

“Muitos jornalistas pensam que eu não penso mas eu penso”, avisou o autarca logo no início da sua intervenção na conferência, onde esteve presente também, entre outros, o jornalista da TVI Júlio Magalhães, que falou das relações entre os media e a política.

Mas a imprensa não foi o único alvo das críticas do autarca. Rui Rio apontou ainda o dedo aos políticos “que aderiram às regras da comunicação social”, ao olharem para as pessoas “como espectadores e não como cidadãos”, dando como exemplo o facto de as conferências de imprensa serem muitas vezes marcadas para as 20.00, hora dos telejornais.

Prosseguindo no mesmo registo, Rio disse ainda que, em Portugal, não existe a liberdade de imprensa que, deveria existir. “A liberdade de imprensa não respeita as outras liberdades. Assume-se como a única verdade e isso não pode ser”, rematou o autarca.

in Diário de Notícias, 30 Setembro 2007