O CAVA – Clube Amigos de Vieira – em parceria com a EB/S Vieira de Araújo, apresentou, no dia 21 de Março, a III Conferência Escolar com o tema “Os Jovens e a…”.

Entre a arte e a política
O título do tema foi preenchido com dois conhecidos homens da vida pública portuguesa. Joe Berardo falou de arte. Marques Mendes dissertou sobre os jovens e a política para um auditório municipal cheio sobretudo por estudantes da escola vieirense.

Antes de subir ao palco, o conhecido empresário e homem do mundo da arte, com a visibilidade dada pelo Museu Colecção Berardo, tinha sido entrevistado pela RTP, presente no início da conferência. A entrevista serviu para dar resposta ao secretário de Estado da Cultura que, na véspera, teria afirmado que o Estado já teria gasto 26 milhões de euros com o museu.

Foi com esta referência que Joe Berardo iniciou a sua intervenção na conferência, afirmando que o país muito lhe deve no domínio da arte e da cultura em que continua a investir. Durante a sua intervenção, em que foram mostradas algumas imagens do referido museu, Joe Berardo historiou a sua vida, desde o trabalho na adolescência à sua vida de emigrante e de empresário das artes, apesar de, em Portugal, os “políticos e os jornalistas não o ajudarem”.

Começou a trabalhar aos 15 anos e diz não perceber as leis que proíbem os adolescentes de trabalhar. Noutros países, afirmou, os estudantes têm o seu partime de trabalho.

Ao apelar aos jovens que tenham a arte presente nas suas vidas (“a cultura é um veículo importante”), o orador afirmou que o futuro é muito difícil, mas que os jovens devem alimentar a esperança, apostando no nosso país. Nunca esquecendo que “é pela via cultural que encontramos as nossas raízes”.

Ao terminar, Joe Berardo insistiu: “Não percam a esperança”!

Os jovens e a política
Seguiu-se a intervenção de Luís Marques Mendes. O conhecido político começou por referir que a relação dos jovens com a política varia consoante os tempos.
Relatou um pouco da sua história. Contou que foi a partir da Revolução do 25 de Abril, com os seus 16 anos, que ganhou o gosto pela política. Disse ainda que esta Revolução contribuiu bastante, na altura, para que os jovens se sentissem atraídos pela política, entendendo o que é a democracia. Há 30 anos, os jovens adoravam, também por ser novidade.

Entendeu que, hoje em dia, a maioria dos jovens acha os políticos mentirosos e os partidos uma maçada, uma vez que a crise que atravessamos leva ao afastamento da política.

Aproveita esta deixa para lançar a pergunta “Será que os jovens podem passar sem a participação na política?”, à qual respondeu prontamente que “poder podiam, mas não seria a mesma coisa, pois trás uma grande consequência: alguém irá decidir por vós”.

O orador referiu que, nos dias de hoje, o mais fácil é dizer mal, e o mais difícil é criticar e em seguida apresentar soluções.

Aconselhou os jovens a fazerem política, mas que ter¬mi¬nem, primeiro, os seus estudos e arranjem os seus empregos, para que nunca de¬pendam da política.

Marques Mendes introduziu “seriedade” como a palavra de ordem em todas as profissões, mas mais acentuada ainda na política.

Para o conferencista, um político sério é sempre bem-vindo e respeitado, mesmo que seja da oposição. Terminou com humor, dizendo que a política desgasta, pois ele era alto e forte, antes da entrada na mesma.

(in “O Jornal de Vieira”, de 01/04/2012)