Anjos
Cipriano Martinho
Cipriano Martinho, do lugar de Fundevila, Anjos, faz parte de um grupo de jovens que, tirando partido de um vasto património agrícola disponível, com bons acessos e abundância de água, tiveram a feliz ideia de investir numa atividade aliciante e compensadora, a pecuária, dedicando-se à criação de gado bovino sem descurar a agricultura.
No passado, representava a principal ocupação das pessoas da freguesia, cerca de 85%, mas, com a emigração, a guerra colonial e o envelhecimento, houve, na última década do século XX, uma redução muito acentuada da população que trabalhava e vivia deste setor. O problema continuou a agravar-se, mas a rápida intervenção e a persistência tenaz destes jovens evitaram aquilo que mais se temia: o abandono dos campos e do pastoreio, com graves consequências advenientes.
Hoje, contrariamente ao tempo dos nossos pais e avós, entregues apenas a si próprios e à sua sorte, as condições são mais atraentes, com subsídios e outros incentivos, para que os jovens agricultores se dediquem, com sucesso e menor esforço, às suas lides e canseiras, dispondo de maquinaria adequada para cuidar dos sistemas de rega, caminhos, limpeza e arroteamento de terras e ainda manter o verde da paisagem, com erva, feno e milho para alimentar os gados.
A raça barrosã, uma das mais graciosas e de carne de excelente qualidade, é a preferida, por ser a que melhor se adapta ao meio agreste envolvente. Pasta em prados e lameiros próprios e em baldios, come forragens verdes e pensos secos (silagem de milho, palha, feno), o que torna a sua carne notável para a saúde: com propriedades antioxidantes e anticancerígenas, é rica em ómega 3 e ómega 6, em betacaroteno e tem menos colesterol que algumas das outras carnes, segundo um estudo da Universidade de Lisboa. A sua venda está garantida no mercado interno (grandes e pequenas superfícies), havendo já negociações em curso para a sua exportação a nível mundial, o que augura um futuro promissor para quem investir na pecuária sem deixar de proteger o meio ambiente e a fixação de populações no interior.
Outra parte importante e complementar desta atividade, pela sua socialização, é a “chega de bois” que, além de atrair muita gente à freguesia, representa um grande estímulo à criação desta raça e uma mais valia para as indústrias de restauração e turismo rural ali implantadas. A competição realiza-se, na altura de grandes festas e outros eventos, na freguesia e em Vieira do Minho, onde Cipriano, proprietário do boi participante, já ganhou alguns prémios.
Anjos, de vastos recursos e localização privilegiada para este múnus, tem ótimas condições para oferecer aos jovens que, nesta área, desejem aplicar o seu talento, saber e entusiasmo.
Autor do texto: Domingos Gonçalves Dias